Escritoras brasileiras

A Edições Câmara lançou, em 2022, o livro Escritoras brasileiras, que apresenta a vida e obra de importantes autoras nacionais. Desde o processo de idealização da coletânea até a concretização de forma e conteúdo, tudo foi feito por mulheres que trabalham ou já trabalharam na Câmara dos Deputados.

As colegas traçaram perfis convincentes de romancistas, contistas, poetas, cronistas, dramaturgas, roteiristas, memorialistas e acadêmicas da literatura. Para a escolha das homenageadas, tentou-se privilegiar o volume e a constância de textos produzidos, os prêmios recebidos, o pioneirismo da obra, a popularidade e o acesso a informações sobre as escritoras.

O manual destacou: precursoras, como Maria Firmina dos Reis, Júlia Lopes de Almeida e Emília Freitas; consagradas, como Clarice Lispector, Cecília Meireles e Lygia Fagundes Telles; best-sellers, como Lya Luft, Rachel de Queiroz e Maria José Dupré; não convencionais, como Pagu, Maura Lopes Cançado, Hilda Hilst e Cassandra Rios; representantes da literatura periférica, como Carolina Maria de Jesus… Respeitaram-se, na amostra, tanto as criadoras de textos mais intimistas, filosóficos e de ficção quanto aquelas cuja obra tende para o realismo e para o registro social.

Como o material ficou bastante rico e representativo, a Câmara dos Deputados decidiu reproduzir, neste espaço expositivo do Corredor Tereza de Benguela, as minibiografias e as ilustrações que constam do livro. 

O Centro Cultural acrescentou à seleta galeria duas autoras que não fizeram parte da primeira edição do livro: Nélida Piñon e Cleonice Berardinelli.

Cada uma a seu modo, essas 34 escritoras testemunharam seu tempo e lugar, escreveram sobre seus sonhos, suas preocupações e urgências e propuseram universos incríveis.

Há certamente muitas outras escritoras que merecem ser mais lidas, publicadas, traduzidas, estudadas. Várias autoras contemporâneas em atividade hoje, produzindo livros geniais, são dignas, inclusive, de pesquisas, antologias e exposições à parte. Diante de tamanha qualidade e diversidade, é necessário potencializar o interesse pela literatura de autoria feminina – a qual, infelizmente, foi por muito tempo ignorada ou apagada por jornalistas, historiadores e críticos literários.

Assim como a coletânea da Edições Câmara, esta exposição comemora a ousadia criativa de grandes escritoras brasileiras, todas protagonistas. Ambas as iniciativas servem como aperitivo para que mais cidadãos desejem se aprofundar nas obras dessas mulheres que tanto contribuíram para a cultura nacional.

É tempo de persistir em ações que visem ao resgate da memória de mulheres inspiradoras nas mais variadas áreas de atuação.

Maria Amélia Elói, organizadora do livro Escritoras brasileiras e curadora da exposição

Adalgisa Nery

Adalgisa Nery (Rio de Janeiro, RJ, 1905 – Rio de Janeiro, RJ, 1980) foi poeta, romancista, contista, jornalista e parlamentar. Conviveu com expoentes da elite intelectual e cultural de sua época e foi homenageada por vários deles, como Frida Kahlo, Cândido Portinari e Diego Rivera. Sua obra é marcada pela introspecção e pelos rasgos autobiográficos. Assinou uma coluna política de grande influência no jornal Última Hora. Elegeu-se deputada estadual por três vezes no então estado da Guanabara e teve seu mandato cassado pelo regime militar.

Ana Cristina Cesar

Poeta, tradutora e ensaísta, Ana Cristina Cesar (Rio de Janeiro, RJ, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 1983) teve sua trajetória literária associada à poesia marginal dos anos 70, que era produzida e distribuída de forma independente em relação ao mercado editorial. Em vida, publicou quatro livros de poesia e prosa, marcados pelo tom íntimo do diário e da carta. Apenas o último, A teus pés, traz o selo de uma editora. O interesse por sua obra ensejou várias publicações póstumas.

Carolina
Maria de Jesus

A escritora, poeta e sambista Carolina Maria de Jesus (Sacramento, MG, 1914 – São Paulo, SP, 1977) estudou somente até a segunda série do ensino fundamental. Negra e pobre, migrou para São Paulo nos anos 1930. Quando seus filhos nasceram, instalou-se na favela do Canindé e optou por não trabalhar mais em casas de família, preferindo ser catadora de papelão. Foi nos cadernos catados no lixo que ela escreveu Quarto de despejo (1960), livro publicado em 40 países e 14 línguas.

Carolina Nabuco

Carolina Nabuco (Rio de Janeiro, RJ, 1890 – Rio de Janeiro, RJ, 1981) é uma das pioneiras na escrita de autoria feminina no Brasil. Destacou-se pelo estilo simples, erudito, crítico e elegante de narrar. Eclética, escreveu em diversos gêneros literários. Recebeu da Academia Brasileira de Letras os prêmios: de Erudição, pela biografia A vida de Joaquim Nabuco; de Romance, por Chama e cinzas; e Machado de Assis, pelo conjunto da obra.

Cassandra Rios

Cassandra Rios (São Paulo, SP, 1932 – São Paulo, SP, 2002) é o pseudônimo de Odete Rios Pérez Perañez Gonzáles Hernández Arrelano. Alcançou grande fama entre as décadas de 1950 e 1970 e foi a primeira escritora brasileira a vender 1 milhão de exemplares. Assumidamente lésbica, foi também a primeira brasileira a abordar a homossexualidade feminina na literatura e a autora mais censurada durante a ditadura militar. Após um longo período no esquecimento, seu nome voltou a receber atenção em anos recentes.

Cecília Meireles

Cecília Meireles (Rio de Janeiro, RJ, 1901 – Rio de Janeiro, RJ, 1964) foi poeta, professora e jornalista. Estudou literatura, folclore e teoria educacional, foi grande divulgadora da cultura brasileira mundo afora e defensora dos ideais da Escola Nova. Foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira, com obras publicadas em verso e prosa. Também se dedicou à tradução literária, transpondo para o português autores de grande envergadura, como Rainer Maria Rilke, Virginia Woolf, Charles Dickens e Federico García Lorca.

Clarice Lispector

A contista, cronista, romancista e tradutora Clarice Lispector (Ucrânia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, 1977) é hoje celebrada como uma das maiores escritoras brasileiras. Aos 23 anos, lançou seu primeiro livro, Perto do coração selvagem, que surpreendeu a crítica literária da época. Sua vasta obra, profundamente intimista, existencial e questionadora, é cada vez mais lida, pesquisada e traduzida.

Cleonice
Berardinelli

A professora e escritora Cleonice Berardinelli (Rio de Janeiro, RJ, 1916 – 2023), imortal da Academia Brasileira de Letras, é considerada uma das maiores especialistas em literatura portuguesa. Sua tese Poesia e poética de Fernando Pessoa foi a primeira sobre o autor feita no Brasil. Professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da PUC-Rio, exerceu o magistério por mais de 50 anos, tendo proferido centenas de conferências e palestras no Brasil e no exterior.

Cora Coralina

Pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (Vila Boa de Goyaz, GO, 1889 – Goiânia, GO, 1985), Cora Coralina foi poeta e doceira. Com apenas três anos de educação formal, Cora considerava-se autodidata, tendo aprendido tudo nos livros e na vida. É reconhecida como a maior poeta do estado de Goiás e uma das mais importantes do Brasil.

Dinah Silveira de Queiroz

A jornalista e diplomata Dinah Silveira de Queiroz (São Paulo, SP, 1911 – Rio de Janeiro, RJ, 1982) foi escritora de múltiplos gêneros da literatura: romances, crônicas e biografias. Iniciou sua carreira muito jovem e alcançou bastante sucesso com seu primeiro romance, Floradas na serra (1939). Criava essencialmente personagens femininas destacadas e foi pioneira da literatura de ficção científica no Brasil. Teve papel importante na luta pelo ingresso de mulheres na Academia Brasileira de Letras e foi eleita para a instituição em 1980.

Elvira Vigna

Elvira Vigna (Rio de Janeiro, RJ, 1947 – São Paulo, SP, 2017) foi escritora, ilustradora, jornalista, tradutora, ensaísta e editora. Publicou dez romances. Venceu prêmios importantes, como o de Melhor Romance 2016 APCA para Como se estivéssemos em palimpsesto de putas. O estilo contundente vale-se de frases curtas e impactantes para falar sobre o vazio, a morte e a solidão de pessoas sempre de passagem, em lugares a que não pertencem.

Emília Freitas

A escritora, militante feminista e abolicionista Emília Freitas (Jaguaruna, CE, 1855 – Manaus, AM, 1908) é pioneira na literatura brasileira. Escreveu A rainha do ignoto: romance psicológico (1899), o primeiro romance de autoria feminina publicado no Ceará e o primeiro do gênero literário fantástico publicado no Brasil. Sua obra, atemporal, tem sido resgatada por pesquisadores, como a professora Constância Lima Duarte. A segunda edição do livro só foi reeditada em 1980, pelo professor Otacílio Colares.

Fernanda Young

A escritora, apresentadora de TV e atriz Fernanda Young (Niterói, RJ, 1970 – Paraisópolis, MG, 2019) publicou seu primeiro livro, Vergonha dos pés, em 1996. Assinou o roteiro de programas de grande visibilidade na TV, como Os Normais. Apresentou os programas Saia Justa e Irritando Fernanda Young. Morreu em 2019, aos 49 anos, após uma crise severa de asma. Ganhou postumamente o prêmio Jabuti na categoria Crônica pelo livro Pós-F: para além do masculino e do feminino.

Francisca Júlia

A escritora, professora e tradutora paulista Francisca Júlia (Eldorado, SP, 1871 – São Paulo, SP, 1920), também conhecida como Musa Impassível, destacou-se na poesia brasileira, no final do século XIX, pelo rigor parnasiano de seus versos. Escreveu também belos poemas simbolistas e foi uma das precursoras da literatura infantil no país. Foi exaltada pela crítica literária do entresséculos, mas, após sua morte, ficou por muito tempo injustamente apagada/esquecida. Suas principais obras são Mármores (1895) e Esfinges (1903).

Gilka Machado

Gilka Machado (Rio de Janeiro, RJ, 1893 – Rio de Janeiro, RJ, 1980) foi a primeira brasileira a publicar poesia erótica no Brasil. Lançou cinco livros: Cristais partidos (1916), Estados da alma (1917), Mulher nua (1922), Meu glorioso pecado (1928) e Sublimação (1938). Dentre outras premiações, foi eleita a “maior poetisa do Brasil”, em 1933, e recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pela publicação do volume de suas Poesias completas, em 1979.

Henriqueta Lisboa

A poeta, ensaísta, crítica literária, tradutora e professora mineira Henriqueta Lisboa (Lambari, MG, 1901 – Belo Horizonte, MG, 1985) viveu por dez anos no Rio de Janeiro, onde teve contato com o modernismo. Lançou seu primeiro livro, Fogo fátuo, aos 23 anos. Em 1943, publicou O menino poeta, dedicado ao público infantil, e, em 1949, Flor da morte, livro que a consagrou como poeta.

Hilda Hilst

A escritora paulista Hilda Hilst (Jaú, SP, 1930 – Campinas, SP, 2004) assina uma vasta e diversificada produção literária, composta por poesia, prosa de ficção, peças de teatro e crônicas. Sua obra promove reflexões profundas sobre a condição humana e a finitude da vida, ao mesmo tempo em que fala com desenvoltura dos amores carnais e da degradação política da sociedade contemporânea. Hilst foi uma mulher franca e provocadora.

Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida (Rio de Janeiro, RJ, 1862 – Rio de Janeiro, RJ, 1934) produziu entre fins do século XIX e a primeira metade do XX. Escreveu contos, novelas, romances e peças de teatro, tendo publicado em jornais, revistas e livros. Suas obras tratam de temas comuns, especialmente ligados ao universo feminino, como a maternidade, conflitos familiares, abandono amoroso e violência sexual. Participou ativamente da militância feminista e foi uma das responsáveis pela criação da Academia Brasileira de Letras.

Lya Luft

Lya Luft (Santa Cruz do Sul, RS, 1938 – Porto Alegre, RS, 2021) foi cronista, contista, romancista, ensaísta, tradutora e poeta. Avessa aos cuidados domésticos, já na infância recitava Goethe e Schiller e, depois de formada, traduzia obras de Virginia Woolf e Hermann Hesse para o português. Fascinada pelos meandros da imaginação e intuição, Lya permitiu que sua obra revelasse a profundidade do cotidiano, rico de tramas e emoções. Seu primeiro romance, As parceiras, pavimentou sua trajetória para diversos outros sucessos de vendas. Foi colunista da revista Veja e do jornal Zero Hora.

Lygia Fagundes Telles

A romancista e contista Lygia Fagundes Telles (São Paulo, 1923 – 2022) dizia sempre que, com sua escrita, pretendia testemunhar seu tempo. Membro da Academia Brasileira de Letras, ganhadora do Prêmio Camões, quatro vezes premiada com o Jabuti, foi traduzida em oito idiomas. Autora de As meninas (1973) e Seminário de ratos (1977), Lygia tem uma obra que opera no que nos toca a todos. Amor, morte, medo e loucura se trançam em suas histórias, lembrando aos leitores que o mesmo costuma acontecer nas nossas próprias.

Maria Alice Barroso

Entusiasta da cultura, da leitura e do saber compartilhado, Maria Alice Giudice Barroso Soares (Miracema, RJ, 1926 – Juiz de Fora, MG, 2012) dedicou-se a promover a literatura de diferentes formas. Formou-se em Biblioteconomia e, além de ter sido escritora, atuou também como jornalista. Em todas as ocupações, defendeu a cultura e o papel da mulher na sociedade, entre outras questões sociais. Foi diretora do Instituto Nacional do Livro, da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional.

Maria Firmina
dos Reis

Maria Firmina dos Reis (São Luís, MA, 1822 – Guimarães, MA, 1917) foi escritora e professora pública concursada e chegou a criar uma escola própria mista para alunos que não podiam pagar. Seu romance Úrsula é considerado a primeira obra abolicionista e feminista do Brasil, tendo sido publicado em 1859.

Maria José Dupré

Maria José Dupré (Botucatu, SP, 1898 – Guarujá, SP, 1984), ou Sra. Leandro Dupré, como assinava inicialmente suas obras, ajudou a abrir as portas do universo da literatura para as escritoras brasileiras. Embora subestimada pela crítica, teve importância inegável na construção do espaço literário do país. Seu maior sucesso, o romance Éramos seis (1943), seduziu gerações de leitores de todas as idades, ganhou prêmios e traduções em diferentes idiomas, além de adaptações para a TV e para o cinema.

Maria Ribeiro

Maria Angélica Ribeiro (Paraty, RJ, 1829 – Rio de Janeiro, RJ, 1880) foi a primeira dramaturga do Brasil. Seu título de pioneira não se justifica por uma ordem cronológica, mas por uma intensa e sistematizada produção escrita, que resultou na publicação de mais de 20 peças de teatro, muitas representadas com sucesso de público e crítica. Maria Ribeiro usou sua letra para denunciar a situação feminina na sociedade da época, principalmente a da negra escravizada. Sua obra mais famosa é Cancros sociais, de 1865.

Maura Lopes Cançado

Maura Lopes Cançado (São Gonçalo do Abaeté, MG, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 1993) teve em suas internações psiquiátricas a principal inspiração para seus dois livros: um diário pessoal e uma obra de contos, publicados na década de 1960. Após largo período de esquecimento, sua obra tem sido reavivada em estudos acadêmicos e redescoberta pelos leitores.

Nélida Piñon

Nélida Piñon (Rio de Janeiro, RJ, 1937 – Portugal, 2022) foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, entre 1996 e 1997. Venceu dezenas de prêmios literários – como o Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe e o Príncipe de Astúrias das Letras – e tornou-se uma das escritoras brasileiras mais traduzidas e conhecidas internacionalmente. A república dos sonhos (romance autobiográfico, 1984) narra a saga de uma família enraizada na Galícia, Espanha, que emigra para o Brasil. Vozes do deserto (romance, 2004) recria a história das Mil e uma noites, realçando o desempenho de uma mulher transgressora numa sociedade patriarcal. Com propostas de renovação formal e estética da linguagem, sua obra evidencia tanto denúncias políticas quanto reflexões profundas sobre as inquietações humanas.

Nísia Floresta

A norte-rio-grandense Nísia Floresta Brasileira Augusta (Papari, RN, 1810 – Rouen, França, 1885) ousou romper os limites da casa e dos trabalhos domésticos para se dedicar à defesa da educação como forma de mudar o destino das mulheres. Escreveu livros, poemas e artigos; fundou um colégio que oferecia educação de qualidade às meninas; defendeu a abolição da escravatura e a igualdade entre as raças. De sua extensa obra são conhecidos quinze livros em português, francês e italiano. É considerada precursora do feminismo no Brasil.

Olga Savary

Poeta, tradutora e jornalista, Olga Savary (Belém, PA, 1933 – Teresópolis, RJ, 2020) deixou uma obra poética extensa que chama a atenção pela singularidade no panorama das letras brasileiras. Também foi tradutora reconhecida, tendo sido responsável pela versão em português de mais de cinquenta obras da literatura em língua espanhola. Como jornalista, participou da fundação de O Pasquim e deixou inúmeros artigos sobre literatura publicados na imprensa.

Ondina Ferreira

Ondina Ferreira (Araraquara, SP, 1909 – Rio de Janeiro, RJ, 2000) foi romancista, tradutora e articulista. Sua obra atraiu a atenção do público e da crítica nas décadas de 1940 e 1950, mas seu nome não chegou a ser incluído no cânone da literatura brasileira. Escreveu 13 romances centrados em personagens femininas fortes e de comportamento desafiador para o padrão da época. Foi premiada pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia Paulista de Letras. Além disso, deixou sua marca em traduções de grandes autores franceses e ingleses.

Orides Fontela

A poeta Orides Fontela (São João  da Boa Vista, SP, 1940 – Campos do Jordão, SP, 1998) construiu uma obra considerada renovadora do modernismo brasileiro. Publicou seu primeiro livro, Transposição, em 1969, já cursando Filosofia na Universidade de São Paulo. Publicou ainda: Helianto (1973), Alba (1983) – obra pela qual ganhou o Prêmio Jabuti em 1983 –, Rosácea (1986), Trevo (1988) – uma coletânea de sua obra – e Teia (1996). Viveu uma vida de escassez e penúria financeira, com dificuldades para manter sua moradia. De personalidade considerada instável e de difícil convivência, cultivou poucos amigos, mas muitos admiradores e estudiosos de sua obra.

Pagu

Patrícia Rehder Galvão (São João da Boa Vista, SP, 1910 – Santos, SP, 1962) foi jornalista, militante política, escritora, tradutora, atriz, desenhista e diretora de teatro. Por seu ativismo no Partido Comunista, foi a primeira presa política do Brasil. Mas, mais do que isso, foi símbolo de liberdade e da luta pela emancipação feminina. Escreveu livros, contos e poemas, no entanto, sua obra mais significativa é o roteiro que imprimiu a sua própria vida. Pagu foi fiel a si e a sua ideologia até o último de seus dias.

Rachel de Queiroz

A romancista, tradutora e jornalista Rachel de Queiroz (Fortaleza, CE, 1910 – Rio de Janeiro, RJ, 2003) é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras, em 1977. Antes de completar 20 anos, ganhou destaque nacional com a publicação de O quinze, obra que fez o sertão nordestino florescer para o Brasil e o mundo.

Zélia Gattai

Zélia Gattai (São Paulo, SP, 1916 – Salvador, BA, 2008) era filha de imigrantes italianos e foi uma grande memorialista e escritora brasileira, autora de doze livros de memórias, incluindo um livro de fotografias, três infantojuvenis e um romance. Zélia ocupou, em 2001, a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, que pertenceu durante 40 anos ao marido e memorável romancista baiano Jorge Amado, falecido naquele ano.

Zulmira Ribeiro
Tavares

Zulmira Ribeiro Tavares (São Paulo, SP, 1930 – São Paulo, SP, 2018) foi contista, romancista e poeta. Também atuou como crítica de cinema e fez duas adaptações para o teatro. Fez importantes críticas sociais das formas mais inusitadas. Nasceu na década de 30, mas sua mente e suas palavras vislumbravam gerações futuras. Usava a linguagem no seu pouco para muito despertar, mas sempre de forma elegante. De pouca vida social, guardava um olhar positivo sobre a vida e as pessoas. Teve algumas obras traduzidas para o alemão e o italiano.

Protagonista

Agora se fiam nela?
Na história que ela conta,
no verso que ela jorra?

Respeitam sua letra de sangue
assombro açúcar?
Publicam seus saltos filosóficos
rimas e piruetas?

Desde quando diz e desdiz
o mundo próprio e abre outros?
Desde quando tece assim,
se amostrando tanto?

Narra com o cérebro
a cor da pele
o útero
a mística
o sexo
soda cáustica
à luz da lua?

Deixou de ser bruxa?
Ainda é musa? Santa? Eremita?
Faz só quando o homem deixa?
Enquanto as crianças dormem?

Cria pra quê, essa criatura,
se há milênios ecoa uma mesma ordem grave,
falando por faustos falos?

Não basta ler, ouvir, obedecer?
Quer falar por si
a verdade
a lacuna
o estrume?
Quer alcançar o infinito?

Cabe-lhe ainda o instinto?
E a dor do parto?


Pois este é o seu status
(pode ser atualizado):

ela se sabe mulher
e está farta de tribunal.
Escreve só porque quer.
Como quando enquanto onde
tudo o que bem quiser.

É no fluxo
de seus desejos
que a vida mora
sem ponto
nem final

Maria Amélia Elói

“(…) as mulheres deixam de ser faladas pelos autores e passam a falar à sua maneira, expressando ansiedades e expectativas, tensões e conflitos familiares, relações abusivas, medo, vergonha e raiva, mas também afeto, amor e amizade. Tornam-se, assim, sujeitos de sua voz e de suas decisões, fogem do vitimismo e enfrentam os desafios, inclusive a violência simbólica e a violência física.”

Eurídice Figueiredo, in Por uma crítica feminista: leituras transversais de escritoras brasileiras (Editora Zouk)

Exposição do Centro Cultural da Câmara dos Deputados

Visitação de 7 a 31 de julho de 2025
Segunda a sexta, das 9h às 17h
Corredor Tereza de Benguela da Câmara dos Deputados

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados | PRESIDENTE Hugo Motta (Republicanos-PB) |
1º VICE-PRESIDENTE Altineu Côrtes (PL-RJ) |
2º VICE-PRESIDENTE Elmar Nascimento (União-BA) |
1º SECRETÁRIO Carlos Veras (PT-PE) |
2º SECRETÁRIO Lula da Fonte (PP-PE) |
3ª SECRETÁRIA Delegada Katarina (PSD-SE) |
4º SECRETÁRIO Sergio Souza (MDB-PR) | SUPLENTES Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), Paulo Folletto (PSB-ES), Dr. Victor Linhalis (Podemos-ES), Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP)

Secretaria de Comunicação Social, Centro Cultural Câmara dos Deputados | SECRETÁRIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Marx Beltrão (PP-AL) | SECRETÁRIO DE PARTICIPAÇÃO, INTERAÇÃO E MÍDIAS DIGITAIS Guilherme Uchoa (PSB-PE) | DIRETORIA EXECUTIVA DE COMUNICAÇÃO E MÍDIAS DIGITAIS Cláudio Araujo | COORDENAÇÃO DE CERIMONIAL, EVENTOS E CULTURA Frederico Fonseca de Almeida | SUPERVISÃO DO CENTRO CULTURAL Clauder Diniz | COORDENAÇÃO DO PROJETO Maíra Brito | CURADORIA, PRODUÇÃO E REVISÃO Maria Amélia Elói | PROJETO GRÁFICO E EXPOGRAFIA Mima Carfer, Luérison Alves Pereira | ESTAGIÁRIA DE DESIGN Lauane da Silva Sousa | MANUTENÇÃO DA EXPOSIÇÃO André Ventorim, Maurilio Magno, Paulo Titula, Wendel Fontenele

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO DO LIVRO ESCRITORAS BRASILEIRAS Fabrizia Posada | CAPA DO LIVRO Inara Régia Cardoso | TEXTOS DO LIVRO Adriana Magalhães Alves de Melo, Ana Claudia

Lustosa da Costa, Ana Lúcia Fernandes, Ana Maria Lopes, Ana Valeska Amaral Gomes, Bárbara Aguiar Lopes, Carolina Cézar Ribeiro Galvão Diniz, Carolina Nogueira, Cecília Lima Ramos, Cristiane Brum Bernardes, Daniela Guerson André, Daniele Lessa Soares, Gabriela Guedes Ferreira Prates, Gisele Azevedo Rodrigues, Iara Beltrão Gomes de Souza, Joseana Geaquinto Paganine, Judite Martins, Júnia Malachias, Jurema Maria de Sousa Baesse, Luci Afonso de Oliveira, Lúcia Ana de Mélo e Silva, Luciana Dantas Mariz, Luciana Scanapieco Queiroz, Luzimar Gomes de Paiva, Maíra de Brito Carlos, Malena Rehbein Rodrigues Sathler, Maria Amélia Elói, Maria do Carmo D’Assunção Freitas, Mônica Montenegro, Sandra Gomes Serra, Simone Magalhães de Salles, Rosalva Nunes da Rosa | ILUSTRAÇÕES Carolina Nogueira, Clara Iwanow, Fabíola Ferigato, Fabrizia Posada, Inara Régia Cardoso, Isabel Martins Flecha de Lima, Isabela Dias Braga, Júlia Mundim Pena, Marcia Bandeira, Patrícia Weiss

AGRADECIMENTOS Edições Câmara, Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, Ana Lígia Mendes

Contato da curadora
Maria Amélia
Elóiamelia.eloi@camara.leg.br
@mariaameliaeloi

Informações: 0800 0 619 619 | cultural@camara.leg.br

Palácio do Congresso Nacional
Câmara dos Deputados – Anexo 1 – Sala 1601

CEP 70160-900 – Brasília/DF

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Brasília, julho de 2025.

Agência Câmara de Notícias | 04/07/2025

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