O pioneirismo de um padre inventor, a curiosidade de engenheiros pernambucanos e o idealismo de um educador transformaram a palavra rádio para sempre. Ela deixou de ser apenas o nome de uma tecnologia militar e comercial e passou a identificar um veículo que levaria informação, diversão e cultura a todos os cantos.

Cem anos depois, o rádio se expandiu: extravasou as ondas do aparelho e alcançou o celular, o computador, as redes sociais; se democratizou por meio das rádios web e renovou sua linguagem com o podcast. Mas não perdeu sua identidade. Continua no cotidiano de milhares de brasileiros, associado a informação, emoção, companheirismo e diversão.

A Câmara dos Deputados comemora, desde 7 de setembro de 2022, os 100 anos dessa grande virada: a demonstração comercial de equipamentos radiofônicos que, durante a Exposição de 100 anos da Independência do Brasil, despertou em mais brasileiros as novas possibilidades dessa tecnologia, desse outro rádio.

A exposição abaixo acompanha a trajetória do veículo, que é de renovação, mas também de fortalecimento das marcas que o definem. E mostra os lugares a que o rádio ainda pode chegar.

Desenhos para a patente do transmissor de ondas do Padre Landell de Moura. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

16 de julho
Primeira experiência de transmissão de voz por ondas de rádio da história da humanidade, realizada pelo padre e inventor brasileiro Roberto Landell de Moura.

Padre Landell de Moura. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

Patente do transmissor de ondas desenvolvida pelo Padre  Landell. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

“Toquem o hino nacional.”

Foi o que disse Landell de Moura na transmissão entre o Colégio Santana, na zona norte de São Paulo, e a Ponte das Bandeiras, a cerca de 4 km de distância. Numa época em que começa a aparecer o espiritismo, o padre foi mal compreendido ao dizer que queria transmitir a voz humana à distância. Ele é perseguido por fiéis, que chegam a quebrar seus equipamentos.

Réplica do transmissor de ondas construída por Marco Aurélio Cardoso Moura com base nas patentes do padre. Foto Hamilton Almeida

1910 a 1919

No início do século XX, a palavra rádio estava associada a uma tecnologia que levava informação de um ponto a outro. Era usada para fins comerciais e militares, como na comunicação entre o porto e o navio, ou entre dois batalhões. Era radiotelegrafia, radiotelefonia. Mas aficionados pela telegrafia se reuniam para estudar e desenvolver a técnica, com o objetivo de transmitir o pensamento humano sem fio e a grandes distâncias. Eram senhores de engenho, donos de negócios, comerciantes, políticos, que fabricavam os próprios aparelhos e realizavam pesquisas, com transmissões experimentais e clandestinas, pois a radiotelegrafia era uma atividade restrita ao setor governamental.

17 de abril
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

Telegrafista em comunicação com o comboio durante a 2ª Guerra Mundial.
Acervo Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha do Brasil

6 de abril
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

2 de novembro
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

7 de setembro
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

Durante a Exposição Internacional do Rio Janeiro, que celebrava os 100 anos da Independência do Brasil, a voz do presidente Epitácio Pessoa ecoou entre os cariocas que passavam pelos 80 receptores instalados por uma empresa estrangeira que queria vender equipamentos de radiotelefonia e radiocomunicação no Brasil. Esse evento, de caráter comercial, chamou a atenção dos passantes, que, assim como os pioneiros pernambucanos, vão enxergar naquela tecnologia a possibilidade de levar música, educação e ciência aos ouvintes. A intermediação de Edgard Roquette-Pinto junto ao governo foi fundamental para consolidar o rádio como veículo portador da cultura e da educação.

Exposição Internacional do Centenário da Indepêndencia de 1922. Thiele/Coleção Gilberto Ferrez. Acervo Instituto Moreira Salles

20 de abril
Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Roquette-Pinto.

Beatriz Roquette-Pinto no estúdio da Rádio Sociedade. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

Roquette-Pinto. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

6 de outubro
Início das transmissões regulares da Rádio Sociedade Cruzeiro do Sul, a primeira de uma cadeia de rádios batizada de Verde-Amarela, que chegou, em 1937, a 14 emissoras. 

O Brasil ia ficar sem rádio. Eu vivia angustiado porque já tinha convicção profunda do valor informativo e cultural do sistema desde que ouvira a transmissão no Corcovado meses antes. Mas uma andorinha não faz verão. Resolvi interessar no problema a Academia de Ciências. E foi assim que nasceu a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

Roquette-Pinto fala sobre a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro

Nelson Ferreira e Orquestra da Rádio Clube. Coleção Nelson Ferreira. Acervo Fundação Joaquim Nabuco- Ministério da Educação
Cast do rádio teatro da Rádio Clube. Coleção Abílio Leôncio de Castro. Acervo Fundação Joaquim Nabuco – Ministério da Educação
Cauby Peixoto e Ellen de Lima. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

27 de maio
Decreto nº 20.047 regulamenta a execução dos serviços de radiocomunicação no território nacional, qualificando esses serviços como de interesse nacional e de finalidade educacional.

19 de julho
Primeira irradiação oficial de futebol no rádio brasileiro.

Nicolau Tuma. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

O speaker metralhadora Nicolau Tuma narrou, de forma ininterrupta, o jogo entre as Seleções de São Paulo e do Paraná pela Rádio Educadora Paulista. Mas há quem defenda que o pioneiro na transmissão esportiva foi Amador Santos, na Rádio Clube do Brasil. Sem chances de transmitir de dentro do estádio, ele inventava um jeito de ver o jogo: de binóculo, de alguma casa distante, ou atrás de um muro.

Murillo Antunes Alves. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Nicolau Tuma. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Histórias que se cruzam

O interesse em transmitir o futebol pelo rádio começou junto com o próprio rádio, e antes de o esporte se profissionalizar no Brasil. Já na década de 20, surgiram serviços de alto-falantes para torcedores, como o de uma sorveteria que prometia informar “as peripécias principais dos três jogos (…) por possante voz humana, da sacada do primeiro andar do edifício, de forma que serão ouvidas em grande raio”.

Na década seguinte, enquanto o futebol se profissionalizava e o rádio comercial se consolidava, o interesse aumentou, mas alguns dirigentes desportivos recearam a concorrência. As transmissões esportivas se consolidaram a partir dos anos 40, e hoje o rádio acompanha o torcedor dentro do estádio.

1º de março
Decreto nº 21.111 regulamenta a publicidade no rádio.

Primeiro jingle do rádio brasileiro
Composto pelo locutor da Rádio Philips do Rio de Janeiro Antônio Nássara, a pedido de Ademar Casé para a Padaria Bragança, que, inicialmente, não se interessou pela ideia de comprar espaço de publicidade no rádio.
Ó padeiro desta rua/ Tenha sempre na lembrança/ Não me traga outro pão/ Que não seja o pão Bragança.

Criação do programa A Voz do Brasil.

Criado durante a primeira Era Vargas, A Voz do Brasil começou com os objetivos de integração nacional e de promoção do governo federal, mas hoje veicula informações sobre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. O emprego de profissionais de Jornalismo e a adoção de linguagem e formatos radiojornalísticos transformaram o programa, que já teve, inclusive, reportagens premiadas. Primeiro, foi batizado de Programa Nacional. Logo foi rebatizado de Hora do Brasil e, depois, de A Voz do Brasil. É o programa mais antigo do rádio brasileiro.

7 de setembro
Cerimônia de doação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação e Saúde.

12 de setembro
Início das transmissões da Rádio Nacional, que será encampada pelo Estado Novo em 1940.

Rádio Nacional. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

Sem condições de manter e modernizar o parque de equipamentos da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto doa a emissora ao Ministério da Educação e Saúde, com a condição de que ela mantivesse sua missão cultural e educativa. Ela passa a se chamar Rádio Ministério da Educação, ou Rádio Ministério e, depois, Rádio MEC, que é hoje a emissora com transmissões regulares mais antiga em atividade no País. Sua programação musical privilegia a diversidade da música popular brasileira e temas como infância, sustentabilidade, inclusão, gênero e educação.

Os ouvintes brasileiros devem ter acompanhado pelas transmissões radiofônicas do Departamento de Imprensa e Propaganda o transcurso das festas e solenidades rememorando o episódio histórico que determinou a nossa libertação da corte portuguesa.

7 de setembro de 1938
Abertura da primeira edição de A Hora do Brasil

1º de dezembro
Abelardo Barbosa começa a apresentar o programa Rei Momo na Chacrinha, na Rádio Clube Fluminense.

Naquele tempo, eram programas feitos, realmente, para botar o cara para dormir. Então, eu resolvi fazer um programa para o cara ficar acordado. Então, eu imaginei um programa… Rei Momo na Chacrinha, porque a rádio era numa chácara de verdade.

Chacrinha

Chacrinha, pioneiro do rádio
Chacrinha antecipa uma postura diante do microfone que só vai se consolidar no rádio das décadas seguintes: a do comunicador que dialoga, com boa dose de coloquialidade, com o ouvinte. Sozinho no estúdio, dando pancadas em latas e jogando fichas de ônibus em cima da mesa, Chacrinha cria a ilusão de estar em um cassino de verdade, a ponto de turistas baterem na porta para participar da jogatina e de policiais invadirem a estação, quando o jogo foi proibido.
Chacrinha criando seu Cassino no estúdio. Acervo Diários Associados
Câmaras municipais de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte passam a contratar rádios locais para transmissão das sessões legislativas.

18 de novembro
Em Porto Alegre, entra no ar em caráter definitivo a Rádio da Universidade, pioneira das emissoras universitárias do País.

Primeira rádio universitária do Brasil, a Rádio da Universidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi inaugurada oficialmente em novembro de 1957, mas desde 1º de julho de 1950 já se dedicava à transmissão de ensinamentos, palestras, informações de seu observatório astronômico. Só não estava autorizada a irradiar programas musicais e outros de natureza recreativa.

Operador de áudio no estúdio.
Acervo Rádio da Universidade (UFRGS)

O Poder Legislativo passa a ocupar a segunda meia hora do programa A Hora do Brasil.

Newton Alvarenga Duarte, o Big Boy, se torna o primeiro grande disc jockey brasileiro, apresentando aos brasileiros as novidades da black music americana e do soul nacional, além dos sucessos dos Beatles.

27 de abril
O regime militar torna a expansão das FMs uma prioridade. São dados incentivos à indústria eletroeletrônica para produção de transmissores e receptores.

Fundação da Rádio Favela FM, marco do rádio comunitário brasileiro.

Nascida em 1981 em Belo Horizonte, a Rádio Favela queria ser um espaço para divulgar a música e a cultura negras. Mas, em um momento em que o tráfico de drogas se instalava na região, investiu na conscientização da comunidade e na luta contra a discriminação das pessoas da favela. Enfrentou perseguições políticas e policiais, além de situações de calamidade para, em 2007, receber a outorga de emissora educativa. Em 2011, passou a se chamar Rádio Autêntica 106,7 Favela FM e está no ar até hoje.
Acervo Rádio Autêntica 106,7 Favela FM
Acervo Câmara dos Deputados
Acervo Câmara dos Deputados

EQUIPAMENTOS E FORMATOS PARA OUVIR RÁDIO

Rádios web já alcançam
7,4 milhões de ouvintes, UM aumento de 85% desde 2019.
Kantar IBOPE Media EasyMedia4/13 PRAÇAS/ABR/2022 A JUN/2022/TOTAL WEB/AMBOS/05 – 05/2a-Dom/TMED#/TOUVUNI30%
Kantar IBOPE Media EasyMedia4 / 13 PRAÇAS / ABR/2022 A JUN/2022 e ABR/2021 A JUN/2021 / TOTAL EMISSORAS / AMBOS /05 – 05 / 2a-Dom / T.EQUIPAMENTOS / RADIO / CELULAR / COMPUTADOR / O.EQUIPAMENTOS / ALC1% (repercentualizado)

Março
A Bandeirantes AM, de São Paulo, começa a gerar seu radiojornal usando o tempo ocioso do subcanal que a TV havia alugado no Intelsat 4. É a entrada do rádio brasileiro na era das redes via satélite.

Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, consolida o primeiro projeto viável de jornalismo 24 horas.

Setembro
Surgem as primeiras rádios online no mundo, replicando, na internet, programações do AM/FM; a primeira teria sido a Klif, do Texas, nos EUA.

Abril
De Recife, o programa Manguetronic, ligado ao movimento Mangue Beat, é a primeira web rádio do País, sem existência em ondas hertzianas.

29 de janeiro
Criação da Rádio Senado.

19 de fevereiro
A Lei 9.612 institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária.

20 de janeiro
Entra no ar a Rádio Câmara.

Rádio Câmara, 2001. Acervo Câmara dos Deputados
ZYC 488 96,9 MHZ. Rádio Câmara FM transmitindo em caráter experimental.
Rádio Câmara entrando no ar
Nasce a expressão podcasting, em reportagem publicada no jornal britânico The Guardian, sobre o surgimento de conteúdos radiofônicos distribuídos online, sob demanda.

2 de dezembro
Começa a operar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com a missão de prestar serviços de radiodifusão pública.

17 de outubro
Criação da Rede Legislativa de Rádio da Câmara dos Deputados

7 de novembro
Decreto nº 8.139 autoriza a migração de emissoras da faixa de AM para a de FM.

A permissão para migrar para FM foi solicitada pelos radiodifusores porque a AM, apesar de ter alcance maior, tem qualidade de som inferior. Além disso, em FM, o rádio pode estar em mais lugares, como carros e aparelhos celulares mais modernos. Essas tecnologias já não comportam mais a transmissão em AM. Mas o desligamento da emissora AM não é imediato; o antigo canal pode ser mantido por seis meses a cinco anos, dependendo do caso. E o serviço em AM não foi extinto e deve continuar a existir em locais como a Amazônia, em que a população está espalhada ao longo de extensos territórios.
Dalva de Oliveira e Paulo Gracindo. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Paulo Gracindo, Zezé Gonzaga, Silvinha Chiozzo, Juanita Castilho, Luiz Gonzaga. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Programa Paulo Gracindo. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Afetividade
O ouvinte de rádio tem uma relação de afeto com o veículo; constrói, em torno da voz do locutor, a imagem de um amigo, com quem estabelece uma relação íntima e de confiança. Esse amigo se torna, então, uma companhia para os momentos de solidão ou para tornar mais leves as tarefas do dia a dia. Na chamada “Era de ouro”, a proximidade era física, com a presença dos ouvintes nos auditórios das emissoras para acompanhar de perto a atuação dos artistas. Agora, o som chega pelo aparelho do carro, pelo computador e pelo celular, mas a intimidade é a mesma. E essa é uma das razões pelas quais o rádio se mantém vivo e relevante ainda hoje.

PARA VOCÊ, RÁDIO É:

Características/sentimentos relacionados ao rádio mais marcantes ao longo da vida.

Kantar IBOPE Media / Pesquisa 100 anos Rádio / 13 RMs / Agosto 2022. Filtro: Entre os ouvintes de rádio

A comunicação é um direito humano fundamental. Ter acesso à informação de qualidade, das mais variadas fontes, com pluralidade e diversidade de vozes, é um direito da sociedade. A Constituição de 1988 determina isso ao estabelecer, para as rádios e TVs abertas, o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. Isso quer dizer que precisamos ter veículos produzidos com diferentes fontes de financiamento e por instituições que representam os diversos setores da sociedade, como empresas, governos, movimentos sociais e universidades. As cores e as vozes brasileiras precisam se expressar pelo rádio e pela TV.

Ouça a Rádio Câmara aqui

Era função de todos nós darmos um caráter didático à programação. Nós não colocávamos música apenas pra preenchermos espaço. Nós colocávamos a música com a intenção de transmitir uma forma de conhecimento, desenvolver a escuta do ouvinte e despertar nele a curiosidade por aquele autor, aquela obra.

Programador Rubem Prates,
que atuou na Rádio da Universidade a partir de 1975

O rádio fala para o local. E, mesmo com um quarto de ouvintes no celular, em muitas comunidades, quem traz a informação ainda são sistemas de alto-falantes instalados com uso de fios em postes de energia elétrica. É a rádio poste, único meio de comunicação local de muitos desertos de notícias.

A rádio poste é hiperlocal. Divulga eventos comunitários, feiras de bairro, programação de igrejas e de centros culturais, ocorrências no trânsito, obituários, campanhas de vacinação, matrícula nas escolas, pedidos ou reclamações da população. É isso que vira notícia.

Acervo Rádio Autêntica 106,7 Favela FM

O RÁDIO AINDA ENCANTA O BRASIL

Kantar IBOPE Media / Pesquisa 100 anos Rádio / 13 RMs / Agosto 2022. Filtro: Entre os ouvintes de rádio

O RÁDIO AGRADA A TODAS AS IDADES; DESTAQUE PARA A FAIXA DE 30 A 59 ANOS.

7% 10 a 19 anos

18% 20 a 29 anos

20% 40 a 49 anos

16% 50 a 59 anos

18% 60+

22%

30 a 39 anos

Ouvintes Total Rádio 13M

Kantar IBOPE Media EasyMedia4 / 13 PRAÇAS / ABR/2022 A JUN/2022 / TOTAL EMPRESAS / 10-19, 20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60+ / 05 – 05 / 2a-Dom / UNIV% / PS%

Em tempos de fake news, aumenta a confiança do ouvinte no rádio:

56%

DOS OUVINTES CONFIAM NO RÁDIO PRA SE INFORMAR, o que representa crescimento de 20% entre 2017 e 2022.

Target Group Index TG BR 2022 R1. Filtro: Ouvintes de Rádio TOTAL (últimos 7 dias)

Audiência de

podcasts cresce 30%, 56% são assíduos,

ouvindo pelo menos uma vez por semana.

Target Group Index TG BR 2022 R1.
Filtro: Entre os ouvintes de podcast

Podcast é rádio?  

O podcast rompe com algumas características do rádio, como a grade fixa de programação e a escuta em tempo real: você ouve quando quer, onde quer e ainda compartilha com os amigos. E tensiona o radiojornalismo atual com um apresentador que conta histórias em primeira pessoa, vira personagem e conduz o ouvinte por meio de trilhas e efeitos que conferem mais emoção ao relato. Mas será que isso basta para se dizer que podcast é algo novo, que rompe com o rádio? Afinal, Chacrinha já fazia algumas dessas peripécias na década de 1940…

De todo jeito, o podcast faz parte do movimento de renovação do rádio, tão necessário para que o veículo se mantenha relevante mesmo depois da chegada da TV e, agora, da internet. O rádio, com certeza, mudou nesses 100 anos: se adaptou às novas tecnologias, se expandiu, mas, definitivamente, não morreu.

Exposição Rádio: centenário e antenado

REALIZAÇÃO Centro Cultural Câmara dos Deputados

COORDENAÇÃO DO PROJETO Clauder Diniz | CURADORIA Verônica Lima Nogueira da Silva | PRODUÇÃO Clarissa de Castro, João Paulo Florêncio, Mércia Maciel | REVISÃO Maria Amélia Elói | PROJETO
GRÁFICO
Luérison Alves, Mima Carfer, Felipe Matheus | ESTAGIÁRIA Jaqueline de Melo | MONTAGEM E MANUTENÇÃO DA
EXPOSIÇÃO
André Ventorim, Maurilio Magno, Paulo Titula, Wendel Fontenele | MATERIAL GRÁFICO Coordenação de
Serviços Gráficos – CGRAF/DEAPA

INFOGRÁFICO Thiago Fagundes, Rafael Teodoro

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Rádio no Brasil [recurso eletrônico]: 100 anos de história em (re) construção / organizadores Vera Lucia Spacil Raddatz … [et al.].
Ijuí : Ed. Unijuí, 2020.
Carta aberta sobre o pioneirismo no rádio brasileiro, 2021.

AGRADECIMENTOS
Acervo Joaquim Nabuco – Ministério da Educação | Empresa Brasil de Comunicação | Hamilton Almeida | Instituto Histórico
e Geográfico do Rio Grande do Sul | Luiz Artur Ferraretto | Manguetronic | Marcelo Kischinhevsky | Marco Aurélio Cardoso
Moura | Marinha do Brasil | Museu Brasileiro de Rádio e Televisão | Rádio Autêntica 106,7 Favela FM | Rádio Comunitária
Heliópolis | Rádio da Universidade (UFRGS) | Rádio Poste Caema

O pioneirismo de um padre inventor, a curiosidade de engenheiros pernambucanos e o idealismo de um educador transformaram a palavra rádio para sempre. Ela deixou de ser apenas o nome de uma tecnologia militar e comercial e passou a identificar um veículo que levaria informação, diversão e cultura a todos os cantos.

Cem anos depois, o rádio se expandiu: extravasou as ondas do aparelho e alcançou o celular, o computador, as redes sociais; se democratizou por meio das rádios web e renovou sua linguagem com o podcast. Mas não perdeu sua identidade. Continua no cotidiano de milhares de brasileiros, associado a informação, emoção, companheirismo e diversão.

A Câmara dos Deputados comemora, desde 7 de setembro de 2022, os 100 anos dessa grande virada: a demonstração comercial de equipamentos radiofônicos que, durante a Exposição de 100 anos da Independência do Brasil, despertou em mais brasileiros as novas possibilidades dessa tecnologia, desse outro rádio.

A exposição abaixo acompanha a trajetória do veículo, que é de renovação, mas também de fortalecimento das marcas que o definem. E mostra os lugares a que o rádio ainda pode chegar.

Desenhos para a patente do transmissor de ondas do Padre Landell de Moura. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

16 de julho
Primeira experiência de transmissão de voz por ondas de rádio da história da humanidade, realizada pelo padre e inventor brasileiro Roberto Landell de Moura.

“Toquem o hino nacional.”

Foi o que disse Landell de Moura na transmissão entre o Colégio Santana, na zona norte de São Paulo, e a Ponte das Bandeiras, a cerca de 4 km de distância. Numa época em que começa a aparecer o espiritismo, o padre foi mal compreendido ao dizer que queria transmitir a voz humana à distância. Ele é perseguido por fiéis, que chegam a quebrar seus equipamentos.

Padre Landell de Moura. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

Patente do transmissor de ondas desenvolvida pelo Padre  Landell. Acervo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul

Réplica do transmissor de ondas construída por Marco Aurélio Cardoso Moura com base nas patentes do padre. Foto Hamilton Almeida

1910 a 1919

No início do século XX, a palavra rádio estava associada a uma tecnologia que levava informação de um ponto a outro. Era usada para fins comerciais e militares, como na comunicação entre o porto e o navio, ou entre dois batalhões. Era radiotelegrafia, radiotelefonia. Mas aficionados pela telegrafia se reuniam para estudar e desenvolver a técnica, com o objetivo de transmitir o pensamento humano sem fio e a grandes distâncias. Eram senhores de engenho, donos de negócios, comerciantes, políticos, que fabricavam os próprios aparelhos e realizavam pesquisas, com transmissões experimentais e clandestinas, pois a radiotelegrafia era uma atividade restrita ao setor governamental.

17 de abril
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

Telegrafista em comunicação com o comboio durante a 2ª Guerra Mundial.  Acervo Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha do Brasil

6 de abril
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

2 de novembro
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

7 de setembro
Primeira transmissão clara de som em território brasileiro.

Exposição Internacional do Centenário da Indepêndencia de 1922. Thiele/Coleção Gilberto Ferrez. Acervo Instituto Moreira Salles

Durante a Exposição Internacional do Rio Janeiro, que celebrava os 100 anos da Independência do Brasil, a voz do presidente Epitácio Pessoa ecoou entre os cariocas que passavam pelos 80 receptores instalados por uma empresa estrangeira que queria vender equipamentos de radiotelefonia e radiocomunicação no Brasil. Esse evento, de caráter comercial, chamou a atenção dos passantes, que, assim como os pioneiros pernambucanos, vão enxergar naquela tecnologia a possibilidade de levar música, educação e ciência aos ouvintes. A intermediação de Edgard Roquette-Pinto junto ao governo foi fundamental para consolidar o rádio como veículo portador da cultura e da educação.

20 de abril
Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Roquette-Pinto.

Beatriz Roquette-Pinto no estúdio da Rádio Sociedade. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

Roquette-Pinto. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

6 de outubro
Início das transmissões regulares da Rádio Sociedade Cruzeiro do Sul, a primeira de uma cadeia de rádios batizada de Verde-Amarela, que chegou, em 1937, a 14 emissoras.

O Brasil ia ficar sem rádio. Eu vivia angustiado porque já tinha convicção profunda do valor informativo e cultural do sistema desde que ouvira a transmissão no Corcovado meses antes. Mas uma andorinha não faz verão. Resolvi interessar no problema a Academia de Ciências. E foi assim que nasceu a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

Roquette-Pinto fala sobre a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro

Nelson Ferreira e Orquestra da Rádio Clube. Coleção Nelson Ferreira. Acervo Fundação Joaquim Nabuco- Ministério da Educação
Cast do rádio teatro da Rádio Clube. Coleção Abílio Leôncio de Castro. Acervo Fundação Joaquim Nabuco – Ministério da Educação
Cauby Peixoto e Ellen de Lima. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

27 de maio
Decreto nº 20.047 regulamenta a execução dos serviços de radiocomunicação no território nacional, qualificando esses serviços como de interesse nacional e de finalidade educacional.

19 de julho
Primeira irradiação oficial de futebol no rádio brasileiro.

Nicolau Tuma. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

O speaker metralhadora Nicolau Tuma narrou, de forma ininterrupta, o jogo entre as Seleções de São Paulo e do Paraná pela Rádio Educadora Paulista. Mas há quem defenda que o pioneiro na transmissão esportiva foi Amador Santos, na Rádio Clube do Brasil. Sem chances de transmitir de dentro do estádio, ele inventava um jeito de ver o jogo: de binóculo, de alguma casa distante, ou atrás de um muro.

Murillo Antunes Alves. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Nicolau Tuma. Acervo Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Histórias que se cruzam

O interesse em transmitir o futebol pelo rádio começou junto com o próprio rádio, e antes de o esporte se profissionalizar no Brasil. Já na década de 20, surgiram serviços de alto-falantes para torcedores, como o de uma sorveteria que prometia informar “as peripécias principais dos três jogos (…) por possante voz humana, da sacada do primeiro andar do edifício, de forma que serão ouvidas em grande raio”.

Na década seguinte, enquanto o futebol se profissionalizava e o rádio comercial se consolidava, o interesse aumentou, mas alguns dirigentes desportivos recearam a concorrência. As transmissões esportivas se consolidaram a partir dos anos 40, e hoje o rádio acompanha o torcedor dentro do estádio.

1º de março
Decreto nº 21.111 regulamenta a publicidade no rádio.

Primeiro jingle do rádio brasileiro
Composto pelo locutor da Rádio Philips do Rio de Janeiro Antônio Nássara, a pedido de Ademar Casé para a Padaria Bragança, que, inicialmente, não se interessou pela ideia de comprar espaço de publicidade no rádio.
Ó padeiro desta rua/ Tenha sempre na lembrança/ Não me traga outro pão/ Que não seja o pão Bragança.

Criação do programa A Voz do Brasil.

Criado durante a primeira Era Vargas, A Voz do Brasil começou com os objetivos de integração nacional e de promoção do governo federal, mas hoje veicula informações sobre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. O emprego de profissionais de Jornalismo e a adoção de linguagem e formatos radiojornalísticos transformaram o programa, que já teve, inclusive, reportagens premiadas. Primeiro, foi batizado de Programa Nacional. Logo foi rebatizado de Hora do Brasil e, depois, de A Voz do Brasil. É o programa mais antigo do rádio brasileiro.

7 de setembro
Cerimônia de doação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação e Saúde.

12 de setembro
Início das transmissões da Rádio Nacional, que será encampada pelo Estado Novo em 1940.

Rádio Nacional. Acervo Empresa Brasil de Comunicação

Sem condições de manter e modernizar o parque de equipamentos da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto doa a emissora ao Ministério da Educação e Saúde, com a condição de que ela mantivesse sua missão cultural e educativa. Ela passa a se chamar Rádio Ministério da Educação, ou Rádio Ministério e, depois, Rádio MEC, que é hoje a emissora com transmissões regulares mais antiga em atividade no País. Sua programação musical privilegia a diversidade da música popular brasileira e temas como infância, sustentabilidade, inclusão, gênero e educação.

Os ouvintes brasileiros devem ter acompanhado pelas transmissões radiofônicas do Departamento de Imprensa e Propaganda o transcurso das festas e solenidades rememorando o episódio histórico que determinou a nossa libertação da corte portuguesa.

7 de setembro de 1938
Abertura da primeira edição de A Hora do Brasil

1º de dezembro
Abelardo Barbosa começa a apresentar o programa Rei Momo na Chacrinha, na Rádio Clube Fluminense.

Naquele tempo, eram programas feitos, realmente, para botar o cara para dormir. Então, eu resolvi fazer um programa para o cara ficar acordado. Então, eu imaginei um programa… Rei Momo na Chacrinha, porque a rádio era numa chácara de verdade.

Chacrinha

Chacrinha criando seu Cassino no estúdio. Acervo Diários Associados
Chacrinha, pioneiro do rádio
Chacrinha antecipa uma postura diante do microfone que só vai se consolidar no rádio das décadas seguintes: a do comunicador que dialoga, com boa dose de coloquialidade, com o ouvinte. Sozinho no estúdio, dando pancadas em latas e jogando fichas de ônibus em cima da mesa, Chacrinha cria a ilusão de estar em um cassino de verdade, a ponto de turistas baterem na porta para participar da jogatina e de policiais invadirem a estação, quando o jogo foi proibido.
Câmaras municipais de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte passam a contratar rádios locais para transmissão das sessões legislativas.

18 de novembro
Em Porto Alegre, entra no ar em caráter definitivo a Rádio da Universidade, pioneira das emissoras universitárias do País.

Operador de áudio no estúdio. Acervo Rádio da Universidade (UFRGS)

Primeira rádio universitária do Brasil, a Rádio da Universidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi inaugurada oficialmente em novembro de 1957, mas desde 1º de julho de 1950 já se dedicava à transmissão de ensinamentos, palestras, informações de seu observatório astronômico. Só não estava autorizada a irradiar programas musicais e outros de natureza recreativa.

O Poder Legislativo passa a ocupar a segunda meia hora do programa A Hora do Brasil.

Newton Alvarenga Duarte, o Big Boy, se torna o primeiro grande disc jockey brasileiro, apresentando aos brasileiros as novidades da black music americana e do soul nacional, além dos sucessos dos Beatles.

27 de abril
O regime militar torna a expansão das FMs uma prioridade. São dados incentivos à indústria eletroeletrônica para produção de transmissores e receptores.

Fundação da Rádio Favela FM, marco do rádio comunitário brasileiro.

Acervo Rádio Autêntica 106,7 Favela FM
Nascida em 1981 em Belo Horizonte, a Rádio Favela queria ser um espaço para divulgar a música e a cultura negras. Mas, em um momento em que o tráfico de drogas se instalava na região, investiu na conscientização da comunidade e na luta contra a discriminação das pessoas da favela. Enfrentou perseguições políticas e policiais, além de situações de calamidade para, em 2007, receber a outorga de emissora educativa. Em 2011, passou a se chamar Rádio Autêntica 106,7 Favela FM e está no ar até hoje.
Acervo Câmara dos Deputados
Acervo Câmara dos Deputados

EQUIPAMENTOS E FORMATOS PARA OUVIR RÁDIO

Rádios web já alcançam
7,4 milhões de ouvintes, UM aumento de 85% desde 2019.
Kantar IBOPE Media EasyMedia4/13 PRAÇAS/ABR/2022 A JUN/2022/TOTAL WEB/AMBOS/05 – 05/2a-Dom/TMED#/TOUVUNI30%
Kantar IBOPE Media EasyMedia4 / 13 PRAÇAS / ABR/2022 A JUN/2022 e ABR/2021 A JUN/2021 / TOTAL EMISSORAS / AMBOS /05 – 05 / 2a-Dom / T.EQUIPAMENTOS / RADIO / CELULAR / COMPUTADOR / O.EQUIPAMENTOS / ALC1% (repercentualizado)

Março
A Bandeirantes AM, de São Paulo, começa a gerar seu radiojornal usando o tempo ocioso do subcanal que a TV havia alugado no Intelsat 4. É a entrada do rádio brasileiro na era das redes via satélite.

Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, consolida o primeiro projeto viável de jornalismo 24 horas.

Setembro
Surgem as primeiras rádios online no mundo, replicando, na internet, programações do AM/FM; a primeira teria sido a Klif, do Texas, nos EUA.

Abril
De Recife, o programa Manguetronic, ligado ao movimento Mangue Beat, é a primeira web rádio do País, sem existência em ondas hertzianas.

29 de janeiro
Criação da Rádio Senado.

19 de fevereiro
A Lei 9.612 institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária.

20 de janeiro
Entra no ar a Rádio Câmara.

Rádio Câmara, 2001. Acervo Câmara dos Deputados
ZYC 488 96,9 MHZ. Rádio Câmara FM transmitindo em caráter experimental.
Rádio Câmara entrando no ar
Nasce a expressão podcasting, em reportagem publicada no jornal britânico The Guardian, sobre o surgimento de conteúdos radiofônicos distribuídos online, sob demanda.

2 de dezembro
Começa a operar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com a missão de prestar serviços de radiodifusão pública.

17 de outubro
Criação da Rede Legislativa de Rádio da Câmara dos Deputados

7 de novembro
Decreto nº 8.139 autoriza a migração de emissoras da faixa de AM para a de FM.

A permissão para migrar para FM foi solicitada pelos radiodifusores porque a AM, apesar de ter alcance maior, tem qualidade de som inferior. Além disso, em FM, o rádio pode estar em mais lugares, como carros e aparelhos celulares mais modernos. Essas tecnologias já não comportam mais a transmissão em AM. Mas o desligamento da emissora AM não é imediato; o antigo canal pode ser mantido por seis meses a cinco anos, dependendo do caso. E o serviço em AM não foi extinto e deve continuar a existir em locais como a Amazônia, em que a população está espalhada ao longo de extensos territórios.
Dalva de Oliveira e Paulo Gracindo. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Paulo Gracindo, Zezé Gonzaga, Silvinha Chiozzo, Juanita Castilho, Luiz Gonzaga. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Programa Paulo Gracindo. Acervo Empresa Brasil de Comunicação
Afetividade
O ouvinte de rádio tem uma relação de afeto com o veículo; constrói, em torno da voz do locutor, a imagem de um amigo, com quem estabelece uma relação íntima e de confiança. Esse amigo se torna, então, uma companhia para os momentos de solidão ou para tornar mais leves as tarefas do dia a dia. Na chamada “Era de ouro”, a proximidade era física, com a presença dos ouvintes nos auditórios das emissoras para acompanhar de perto a atuação dos artistas. Agora, o som chega pelo aparelho do carro, pelo computador e pelo celular, mas a intimidade é a mesma. E essa é uma das razões pelas quais o rádio se mantém vivo e relevante ainda hoje.

PARA VOCÊ, RÁDIO É:

Características/sentimentos relacionados ao rádio mais marcantes ao longo da vida.
Kantar IBOPE Media / Pesquisa 100 anos Rádio / 13 RMs / Agosto 2022. Filtro: Entre os ouvintes de rádio
A comunicação é um direito humano fundamental. Ter acesso à informação de qualidade, das mais variadas fontes, com pluralidade e diversidade de vozes, é um direito da sociedade. A Constituição de 1988 determina isso ao estabelecer, para as rádios e TVs abertas, o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. Isso quer dizer que precisamos ter veículos produzidos com diferentes fontes de financiamento e por instituições que representam os diversos setores da sociedade, como empresas, governos, movimentos sociais e universidades. As cores e as vozes brasileiras precisam se expressar pelo rádio e pela TV.

Ouça a Rádio Câmara aqui

Era função de todos nós darmos um caráter didático à programação. Nós não colocávamos música apenas pra preenchermos espaço. Nós colocávamos a música com a intenção de transmitir uma forma de conhecimento, desenvolver a escuta do ouvinte e despertar nele a curiosidade por aquele autor, aquela obra.

Programador Rubem Prates,
que atuou na Rádio da Universidade a partir de 1975

O rádio fala para o local. E, mesmo com um quarto de ouvintes no celular, em muitas comunidades, quem traz a informação ainda são sistemas de alto-falantes instalados com uso de fios em postes de energia elétrica. É a rádio poste, único meio de comunicação local de muitos desertos de notícias.

A rádio poste é hiperlocal. Divulga eventos comunitários, feiras de bairro, programação de igrejas e de centros culturais, ocorrências no trânsito, obituários, campanhas de vacinação, matrícula nas escolas, pedidos ou reclamações da população. É isso que vira notícia.

Acervo Rádio Comunitária Heliópolis (SP)

O RÁDIO AINDA ENCANTA O BRASIL

Kantar IBOPE Media EasyMedia4 / 13 PRAÇAS / ABR/2022 A JUN/2022 / AMBOS / TOTAL EMISSORAS / 5-5 / Todos os dias / TOUVUNI30% / TMED#

O RÁDIO AGRADA A TODAS AS IDADES; DESTAQUE PARA A FAIXA DE 30 A 59 ANOS.

7% 10 a 19 anos

18% 20 a 29 anos

20% 40 a 49 anos

16% 50 a 59 anos

18% 60+

22%

30 a 39 anos

Ouvintes Total Rádio 13M

Kantar IBOPE Media EasyMedia4 / 13 PRAÇAS / ABR/2022 A JUN/2022 / TOTAL EMPRESAS / 10-19, 20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60+ / 05 – 05 / 2a-Dom / UNIV% / PS%

Em tempos de fake news, aumenta a confiança do ouvinte no rádio:

56%

DOS OUVINTES CONFIAM NO RÁDIO PRA SE INFORMAR, o que representa crescimento de 20% entre 2017 e 2022.

Target Group Index TG BR 2022 R1. Filtro: Ouvintes de Rádio TOTAL (últimos 7 dias)

Audiência de

podcasts cresce 30%, 56% são assíduos,

ouvindo pelo menos uma vez por semana.

Target Group Index TG BR 2022 R1.
Filtro: Entre os ouvintes de podcast

Podcast é rádio?  

O podcast rompe com algumas características do rádio, como a grade fixa de programação e a escuta em tempo real: você ouve quando quer, onde quer e ainda compartilha com os amigos. E tensiona o radiojornalismo atual com um apresentador que conta histórias em primeira pessoa, vira personagem e conduz o ouvinte por meio de trilhas e efeitos que conferem mais emoção ao relato. Mas será que isso basta para se dizer que podcast é algo novo, que rompe com o rádio? Afinal, Chacrinha já fazia algumas dessas peripécias na década de 1940…

De todo jeito, o podcast faz parte do movimento de renovação do rádio, tão necessário para que o veículo se mantenha relevante mesmo depois da chegada da TV e, agora, da internet. O rádio, com certeza, mudou nesses 100 anos: se adaptou às novas tecnologias, se expandiu, mas, definitivamente, não morreu.

Exposição Rádio: centenário e antenado

REALIZAÇÃO Centro Cultural Câmara dos Deputados

COORDENAÇÃO DO PROJETO Clauder Diniz | CURADORIA Verônica Lima Nogueira da Silva | PRODUÇÃO Clarissa de Castro, João Paulo Florêncio, Mércia Maciel | REVISÃO Maria Amélia Elói | PROJETO GRÁFICO Luérison Alves, Mima Carfer, Felipe Matheus | ESTAGIÁRIA Jaqueline de Melo | MONTAGEM E MANUTENÇÃO DA EXPOSIÇÃO André Ventorim, Maurilio Magno, Paulo Titula, Wendel Fontenele | MATERIAL GRÁFICO Coordenação de
Serviços Gráficos – CGRAF/DEAPA

INFOGRÁFICO Thiago Fagundes, Rafael Teodoro

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Rádio no Brasil [recurso eletrônico]: 100 anos de história em (re) construção / organizadores Vera Lucia Spacil Raddatz … [et al.].
Ijuí : Ed. Unijuí, 2020.
Carta aberta sobre o pioneirismo no rádio brasileiro, 2021.

AGRADECIMENTOS
Acervo Joaquim Nabuco – Ministério da Educação | Empresa Brasil de Comunicação | Hamilton Almeida | Instituto Histórico
e Geográfico do Rio Grande do Sul | Luiz Artur Ferraretto | Manguetronic | Marcelo Kischinhevsky | Marco Aurélio Cardoso
Moura | Marinha do Brasil | Museu Brasileiro de Rádio e Televisão | Rádio Autêntica 106,7 Favela FM | Rádio Comunitária
Heliópolis | Rádio da Universidade (UFRGS) | Rádio Poste Caema